
Ricardo Norte
Articles
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Dec 31, 2024 |
sol.sapo.pt | Diogo Pinto |José Cabrita Saraiva |Ricardo Norte |Teresa Carvalho
Poesia Quase TodaZbigniew HerbertED. Cavalo de FerroSe o conflito é a grande lógica que se inscreve no avesso destes dias, a nós, feitos de sangue e ilusão, cumpre-nos retirarmos alguma consequência de gestos esvaziados de sentido, à semelhança desse que «junta as mãos em concha como quem guarda uma memória/ sementes secas dos nomes dos mortos», com a confiança de que daí «outra floresta sobrevirá».
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Dec 26, 2024 |
sol.sapo.pt | Ricardo Norte
Há livros que, apesar da pelagem, musgo, líquen, feições de monstro, parecem destinados a passar despercebidos aos olhos irrequietos dos caçadores. Sem arvoredo onde se esconder, um Bisonte chegou ao terreno raso das livrarias com uma brandura que dissimula a selvajaria de que é capaz. Os caçadores confundem-no com uma colina e continuam atrás dos pardais para a gaiola em que se tornaram.
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Sep 17, 2024 |
ionline.sapo.pt | Ricardo Norte
Jim Harrison foi daqueles monstros que nenhuma armadilha apanhou. Gostava de arvoredos cerrados onde deixassem de o ver, apesar da guerra contra tudo e todos deixar as árvores cada vez mais distantes umas das outras. Gostava dos cães como irmãos que o acompanhavam e guiavam na sua errância. Animava-se quando se colocava no encalço dos ursos e dos lobos. Estivesse em Michigan, Montana ou Arizona, procurava abandonar-se para que dez mil coisas se tornassem unas com ele.
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Jul 23, 2024 |
ionline.sapo.pt | Ricardo Norte
A primeira marca da diferenciação de Silvina Ocampo talvez tenha sido em relação à família. Nascida no início do século vinte no seio de uma família aristocrática da oligarquia argentina, vivia numa mansão perto da cidade de Buenos Aires, na Villa Ocampo, com um jardim que chegava ao rio da Prata. Encurralada num pedantismo asfixiante e educada por tutores para não ter que sair de casa, a sua paixão, no entanto, ia para os subalternos e para os marginais.
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Jul 5, 2024 |
sol.sapo.pt | Ricardo Norte
Num mundo excitado até à desfiguração, nenhuma vontade aparece que não seja um mero capricho, um devaneio na ebulição que nos devora, uma névoa dentro de outra névoa. Eliot alertou-nos que o mundo não terminaria com um estrondo, mas num gemido. E se o mundo, recusando-se a dar a ver o momento da sua extinção, já tiver acabado, se a devastação não estiver à nossa frente, mas à nossa volta? Então, a obsessão com o fim, as suas infinitas representações, são meras distrações do deserto onde vivemos.
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